domingo, julho 26, 2009

Pequena bailarina*

Aproveito que estou sozinha em casa e vou remexer no armário das roupas antigas da mãe.
Experimento umas quantas coisas engraçadas enquanto canto a música suave que o telemóvel toca ao longe.
Do meio da confusão de tecidos algo me salta a vista como se me chamasse baixinho. Um vestido de cor azul marinho, brilhante vem ter-me as mãos e entra no meu corpo como se estivesse com pressa. Sinto-me estranha, mas feliz. Levanto-me, olho-me ao espelho e fico maravilhada com a imagem.
Dou uma volta e a roda do vestido levanta suavemente e segue o movimento. Reparo que aquele magnifico reflexo no espelho também girou, exactamente como eu fiz.

Volto a girar, e o reflexo volta a repetir-me.

Confusa sento-me, desajeitadamente, no chão em frente ao espelho, e o reflexo faz o mesmo. Parece que vamos ambos pensar.
O reflexo imita cada movimento meu. Eleva e desce o corpo a cada respiração tal como eu, mexe no cabelo tal como eu e ajeita o vestido de forma a só ficarem de fora os ténis sujos e gastos que tinha calçado, tal como eu.
Honestamente, não me canso de observar a imagem daquela pequena personagem com um ar de bailarina.
Volto a levantar-me e com toda a graciosidade presente em cada um dos seus movimentos o reflexo faz o mesmo.
Com o meu jeito desajeitado dou umas quantas voltas em frente ao reflexo enquanto ele me segue. O vestido vai ondulando e girando em voltas perfeitas e seguras enquanto eu danço a brincar, fingindo ser bailarina.

A liberdade sente-se na pele e a felicidade esta estampada nos nossos rostos enquanto girando, tanto eu, desajeitadamente, como aquele reflexo encantador da pequena bailarina graciosa, exibimos sorrisos lagos e sinceros como que se a medo pedíssemos uma amizade.

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