Sim, é realmente fantástico voar sem destino certo, sem rumo traçado mas, neste momento, sei que o meu fado é descendente e termina com um mergulho refrescante. Afinal, nem tudo pode ser deixado ao vento. Existem muitas rotundas ao longo da estrada e nem todas as saídas pertencem ao certo para o sonho de uma vida.
No momento o embate é forte, duro, estrondoso mas, acreditem ou não, gosto desta dor passageira que faz o peito colar-se às costas. É como um analgésico para as más vibrações e faz-me sentir renovada.
As águas envolvem-me em movimentos circulares, loucos, inacabáveis, como uma condução brusca de pára e arranca e, de repente, um calor humano ao de leve me toca com cuidado no ombro direito.
Abro os olhos e estou no topo do penhasco, de novo, e ele chegou sem eu sequer reparar. Beija-me o ombro, o pescoço, a bochecha e, no calor do desejo, atiro-me aos seus lábios, insaciável e eléctrica, tomando-o num todo, o meu ser, a nossa alma. Volta a adrenalina, a loucura, a velocidade, o batimento alucinante, mas desta vez é real, e muito mais profundo.
Ainda bem que apareceste e tornaste tudo o que parecia impossível viver numa tarefa fácil, estalando os dedos e fazendo magia. Afinal, uma das saídas das rotundas tem sempre o teu nome.
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