segunda-feira, outubro 12, 2009

Batimento*

Este escuro traz-me o medo, mas oferece também o momento de silencio que tanto preciso. Mais uma vez agarrada ao urso, faço do pensamento a voz do meu coração e apuro a audição para ouvir todas as suas queixas.
Começa ele por me contar que hoje esta sensível, alias, como sempre. Encontra-se apaixonado e com muito receio do mundo.
Conta-me que esta magoado e repleto de pequeninas feridas que ardem tanto como se fossem enormes e visíveis aos olhos das gentes que passam por mim. Ele sofre com cada uma delas e tem muito medo que não sarem e que não consiga ser perfeitamente completo outra vez tal e qual como quando nasceu, a transbordar de pureza e inocência.
Ele quer que eu saiba que não gosta de se sentir assim, triste e com medo, mas eu não sei como anima-lo.
Começo a sentir um vazio enorme no peito. Não sei como reagir perante este mundo tão estranho e imprevisível para consolar o meu coração. A única coisa que ele quer é o carinho de todos os que conhece, que esta a conhecer e que espera no futuro poder vir a ver a face. Mas sente-se frustrado diante de todos os que o ignoram e lhe dão desprezo quando o pequenino só quer tentar ser feliz e fazer felizes todos os outros que o rodeiam.
Conta-me também que precisa urgentemente de um abraço sentido, que venha de fora mas que ele bem lá no fundo consiga sentir o calor que ele transmitirá.
O batimento acelera e ele não para de se queixar.
Será que devo mudar o meu comportamento para que ele se acalme ?
Toda esta confusão do meu peito leva-me a criar um cenário com algo bem real... Será que este mundo cruel merece tal frágil e fútil batimento ?

Por agora ele só bate, em compasso acelerado com medo de um dia parar.

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