segunda-feira, maio 25, 2009

Silêncio do Sofrimento *

-Eu só queria que fosses feliz.

-Mas eu vou ser, com o tempo.

Respiro fundo e conto até dez, para que não me vejas chorar. Invento uma desculpa e saio a passo acelerado, para bem longe.
O meu desejo é esconder-me nos teus braços, porque não há sitio mais perfeito. Mas não, hoje não posso, hoje não quero que me vejas sofrer.
Bato com as costas na parede, deixo-me escorregar ate cair no chão, agarro os joelhos e grito.
Sinto as faces húmidas, tenho a visão desfocada e o olhar inundado. Mas, porque é que ninguém olha para mim? Porque é que ninguém me ouve gritar ou me vê sofrer ?
Dou por mim a gritar bem alto, mas em silencio. Com o tempo aprendi a controlar emoções em publico, a guarda-las para mim e a explodir sozinha. Assim, pelo menos, não faço ninguém sofrer.


Hoje não sofro por mim, mas por ti.
Porque é que o mundo é tão injusto que a diferença não tem lugar ? Porque é que tu não podes ser feliz ? Porque é que ninguém consegue chegar a tua dor e arranca-la com uma vontade sincera? Neste momento é um desejo que eu tenho, mas que não consigo, e é por isso que choro.
O que mais queria era que fosses feliz e a única coisa que consigo é fugir dos teus braços, chorar sozinha pela tua tristeza e gritar a tua dor, como se fosse minha. Eu sinto a tua dor e tenho vontade de gritar por ela.
Neste turbilhão de sentimentos, nesta incerteza de seres, neste impasse em que me sinto no teu corpo a sofrer por algo que não sofres, a libertar-me de algo que queres prender tu estas longe e sei que me procuras.
Somos tão únicos que vais acabar por dar comigo, mais tarde ou mais cedo, eu sei que sim. Mas, quando esse momento chegar a dor vai ter acabado, o sofrimento será apagado e as lágrimas secarão.
Quando esse momento chegar, tu vais encontrar-me no mesmo recanto, a sorrir porque nesse momento tu também vais estar feliz.
Vais erguer os braços, e assim poderei voltar ao meu esconderijo favorito onde somos só eu e tu, num mundo a parte.
Nesse mundo dos sonhos, onde eu e tu, de mãos dadas e sorrisos largos, somos felizes. Nesse mundo, onde viveremos, eu e tu, juntos, num sempre eterno.
Só eu e tu, nesse mundo dos sonhos *

quinta-feira, maio 21, 2009

O mundo dos Grandes *

-Quero ser para sempre pequenina.
-Nós, só nós, vamos conseguir ser pequeninos para sempre *

Tu, meu ser pequenino, onde estas tu ? Porque é que te tornas-te materialista e futil como as pessoas grandes ? Porque é que nao continuaste pequenino como me tinhas prometido uma vez?
Quero que voltes a ser pequenino, a gostar das coisas pequenas, dos sentimentos mais rebuscados, das palavras mais sem sentido que eram os nossos dialectos.
Quero que voltes a ser pequenino como eu.
A gostar de cada pedacinho das gotas da chuva, a rir de cada um dos rabiscos no nosso caderno, a aproveitar cada segundo como se fosses crescer já amanha. Porque enquantos eramos pequeninos tinhamos o desejo de correr ate ao fim do arco-íris à procura do pote de ouro, e agora o teu desejo é pó de nada, que se baseia nas cinzas de uma sociedade consumida pelo stress do dia a dia, pelo trabalho ate a ponta dos cabelos.
Porque é que és gente grande agora ? Essa gente que magoa os pequeninos como eu. Essa sociedade viciada em prazer e bem estar. Essa comunidade de gente realista e com desejos de vingança. Porque é que fugiste para esse lado que só quer ser mais e mais ?

Nós, os pequeninos ,só gostamos daquilo que é mais pequeno, daquilo que vocês, os grandes, acham que é demasiado insignificante.Só queremos ser os sonhadores do futuro, aqueles que descobrem o mundo pelos próprios olhos que embora sejam pequenos e redondos são mais rigorosos e observadores que os olhos dos grandes.
Eu quero ser pequenina para sempre, porque é assim que sei ser feliz. Só assim é que consigo fazer com que, no meu pequeno coração, todos aqueles sentimentos que me deixam confusa, corada, alegre, sorridente, apaixonada, envergonhada me façam expludir e abraçar-te com muita força. A força dos pequeninos. Agora que és gente grande, nessa sociedade sem vontade de sonhar nem de sentir, como vou poder abraçar-te ?

Agora és gente grande, e no mundo dos grandes não existe espaço para aqueles que com toda a força só querem ser pequeninos para sempre, como eu.

terça-feira, maio 19, 2009

Ser estranho*

-Porque prometer, tu não confias em mim ?
-Sabes que sim, mas promete, va la ...
-Ai, esta bem, eu prometo.
-Obrigada, mesmo.
-Não sei porque, se confiasses em mim não seria tão importante prometer ...

(...)
Estou sem voz, fui deixando palavras e sinais em cada troca de olhares, nos teus lábios, nos teus ouvidos, nas tuas mãos, nos teus carinhos, nos teus abraços e tu nem estremeceste, ignoras-te.
Quero acreditar que acalmar este meu ser é fácil. Tens tudo de mim, mas falta-me algo de ti. Sinto-me a congelar quando agarro pensamentos contigo, quando volto atrás no livro de recordações e encontro a conversa que mais me assusta, que mais me arrepia.
Vozes, vozes, vozes. Um bilião de vozes concentradas num sítio só. Analiso com bastante precisão cada uma delas ate encontrar, depois de alguns minutos, aquela que me faz suspirar. Nesse instante paro, talvez demasiado perto de um estranho. Um estranho diferente que me olha nos olhos como se pedisse para ir com ele, algo que o meu corpo recusa de imediato, que o meu coração não entende. Vejo aquele estranho com ansiedade, romantismo e reajo a ele com batimentos fortes e acelerados, parece que o meu coração quer saltar e ser ele a apanhar o estranho primeiro que eu. Mas o estranho antecipa-se, aproximando-se mais e mais ate estar suficientemente próximo para poder segredar só para mim " Amo-te, prometo. " Pega-me na mão, aperta-a contra o peito e sinto que esta ainda mais ansioso do que eu. Nesse momento dou conta que existo, e que estou completamente imóvel à bastante tempo. O estranho esboça um sorriso carinhoso e volto a perder-me. Leva-me a rasto pela mão ate a um canto rebuscado onde me aperta num gesto suave contra si e me beija levemente os lábios. Ganho de novo o controlo do meu pequeno corpo, atiro o estranho ser contra a parede bem a tempo de lhe dizer, praticamente sem voz " Demasiado tarde ".
Dou meia volta e começo a correr, ouvindo passos que correm atrás de mim, talvez o estranho, não sei, mas nem dou importância porque pararam pouco tempo depois. Quando sinto que estou demasiado longe, deixo o corpo cair.
Ligo a música ate não conseguir ouvir mais nada, deixo o tempo passar e ser gasto em pensamentos.
Ser estranho, agora, não mereces nada daquilo que te quero dar, nem daquilo que corre por ti, como esta lágrima que vejo secar na palma da mão.

Ser estranho sim, porque já não és aquele que conheci, aquele que era fantástico e único, aquele que fazia as promessas mais verdadeiras. Aquele que eu aprendi a amar. E esse já não és tu.

sexta-feira, maio 15, 2009

Confiança *

Não sei quem és, de onde apareceste ou o porquê de estares aqui, mas consigo ver algo mais em ti, algo que não sei descrever, algo estranho.
O teu olhar pede simplesmente que te siga, onde quer que vás, neste caminho cheio de altos e baixos. A tua voz convida-me a entrar nesse mundo só teu, e os meus pés seguem-lhe o tom como se já não me obedecessem. Seguem cheios de certeza, a dançar em cada passo e a pedir mais e mais. Estendes a mão e convidas a uma valsa segura e sem qualquer falha.
"Vem, tu consegues. Eu sei que sim. Confia em mim! "
A tua voz é o comando do meu corpo, agora.
Seguimos, assim, a dançar pelo caminho. Contornamos esquinas erradas, entramos em ruas de sentido proibido. Nunca seguimos o mapa, mas deixamos os nossos corpos serem levados pelo vento. Pelo caminho não se ouvem dois corações, mas sim um: o Nosso.
Bate em compasso acelerado, discreto, mas audível. Forma-se assim uma melodia irresistivelmente doce que nem tu nem eu conseguimos evitar. Ambos os corpos são parte da natureza, pura e inocente.
Aproximas-te e beijas-me a testa, com uma suavidade incrivelmente bela. Cai-me uma lágrima enquanto te olho nos olhos, emocionada com tal gesto. Formas nos teus lábios o sorriso mais bonito que já vi, apanhas a lágrima segundos antes de ela cair ao chão e apertas a palma da mão contra o coração, como se quisesses tornar o momento eterno.Voltas a pegar na minha mão e continuamos o caminho.
Apaixonados pelo ser um do outro, um tal amor que ninguém mais sente, é só nosso.
Não sei quem és, de onde apareceste ou o porquê de estares aqui mas tenho a certeza de que te quero, hoje e sempre.

segunda-feira, maio 11, 2009

Sentimento *


Só eu, eu e o mundo.
Eu e as gotas da chuva, e as vozes do corredor que nada mais me dizem que não seja mero barulho de fundo.
Penso que era melhor se não existissem, saiam da minha cabeça e deixavam-me pensar à vontade, eram menos uma coisa. Mas bastam 2 segundos para fazê-las ruído quase inaudível. O pensamento fala mais alto.
Parei no momento, passam por mim e sou como parte da janela, já ninguém repara. Ou se calhar fazem por não reparar, já estão cheios dos próprios problemas para ter sequer vontade de se preocuparem com os dos outros. Achas que não têm coração ? Não, são humanos normais, tem a própria vida e preocupam-se com ela.
Mas, existem excepções, existe o sentimento.
Poucos são capazes dessa tal grandeza, preferem o mundo perfeito de faz de conta em que todos se amam e pertencem um ao outro, a teoria "dois corpos uma só alma".
E no mundo real, onde esta ele ?
Estas a ver aquela gota de chuva ? Ele esta lá. Aquela voz bem ao fundo, ele também esta lá.

Ele é tão subtil, tão estranho, por vezes ate repugnante, que a maioria opta pelo faz de conta.
Mas porque não ter vontade de ouvir com atenção, pode ser divertido, faz bem ao ego, faz-te feliz ! E todos queremos a felicidade. Porque ter a felicidade de plástico se podes ter aquela que é de verdade?
Conheces pessoas e caras novas muitas vezes, mas nem sempre te interessas por elas. Pois bem, interessa-te! Algumas delas podem ser especiais, estar a precisar de ti, e tu delas nem que seja só para ouvi-las, ou dar-lhes aquele carinho, ou fazer aquela brincadeira.
Uma noite, umas horas, conheci duas caras novas que me fascinaram, interessei-me e de facto são fascinantes, e o que emana deles contagia, algo tão puro, tão único, tão sincero. Só precisei de umas horas para ver um dos casos raros em que o amor esta lá na sua forma mais pura. Eram de facto especiais, e a maioria das vezes nem sequer reparamos nisso.

Olha pela janela, vê as gotas de chuva e pensa nisto, sente aquele arrepio que sobe lentamente e te faz estremecer, deixa-te envolver pelo ambiente e se tu próprio parte da natureza que observas, podes chorar, ela também esta a chorar hoje.

sexta-feira, maio 08, 2009

Livro Aberto *

Sinto que falta algo, algo que me completava, em tempos. Onde estas? Ser fantástico, ser querido, ser super. Porque é que tudo fugiu? Porque sinto falta?
A muito tempo que sinto falta. Arrepia-me, só de pensar no abraço invisível que passa por nós. Tenho vontade de gritar, de voltar atrás, de pedir desculpa. Onde estás tu, Máquina do Tempo?Talvez tenha mesmo de ser assim, afinal aprendemos com erros, convivemos com arrependimentos, evoluímos com medos, esperanças e assim conseguimos CRESCER!Arrependo-me do passado, tenho medo do presente e esperança no futuro.

Melhor amigo, saudades de tudo. Dos tempos em que conseguíamos sonhar, sorrir, viver... Contigo tudo era mais!
Mais feliz, mais brilhante, mais quente, mais carinhoso, (...) Um momento muda tudo. E agora? Será que é tarde de mais?
Eu não sei, só sei que sou só, sou nada. Sou ser incompleto que não sabe viver alegre. Ou sim, sabe viver uma vida sem ti, uma vida que perdeu a alegria.
Estas lá, mas não estas onde eu desejo.
O quanto me arrependo de gestos, de momentos, de desculpas e argumentos que só me fizeram perder o significado do teu ser.Falta algo, falta um pedaço de mim.Falo de ti, no agora, com saudade mesmo sabendo que tu estas lá, que te lembras de mim.Já falei de ti, e falo do passado de ti, com um sorriso, porque sim, se me perguntarem respondo: " Vivemos momentos muito felizes, e foste o melhor amigo que se pode sentir lá, sempre "Vivo com o peso na consciência de matar aos pedacinhos esta amizade, recordando que um dia fui feliz.Recordar é viver, e eu já vivi muito a teu lado.

O que e eterno é eterno, e a ti não esqueço nunca.


Para ti, eterno, inesquecível, único "melhor amigo".

quinta-feira, maio 07, 2009

Soluções impossíveis*


Os melhores ficam para sempre *

x -> os meus braços.
y ->os teus braços.

Agora pede-me um abraço, com muita força. Estas com necessidade do meu abraço.
O x esta lá, mas o y nao sei, talvez caido, a espera de algo que o levante de la do fundinho, como aquele sorriso que nao é o meu, ou aquele beijo que tambem nao é o meu ou talvez aquele z, que nao pertencia a nossa equação.

2x-2y = Parece que tudo muda, e nem tudo funciona à distancia.
Algo nao esta certo na nossa equação. E enquanto a força de vontade for igual a zero, ela nao terá uma solução.

[K*]

sábado, maio 02, 2009

Unwitten *

"[...]Starring at the blank page before you
Open up the dirty window
Let the sun iluminate the words that you could not find.
Reaching for something in the distance
So close you can almost taste it
Release your inhibitions.

Feel the rain on your skin
No one else can feel it for you
Only you can let it in.
No one else, no one else
Can speak the words on your lips
Drench yourself in words unspoken
Live your life with arms wide open
Today is when your book begins
The rest is still unwritten. [...]"